O TEMPO DAS CARTAS DE AMOR

O tempo das cartas de amor

Quando via passarem carteiros

Ia com eles um sonhador

Levando sonhos verdadeiros

O tempo das cartas de amor

Sob as nuvens e o azul do céu

Com uma lágrima de dor

Manchava a folha de papel

O tempo das cartas de amor

As cartas levavam perfume

Coisa de coração em flor

Cheio de ansiedade e de ciúme

O tempo das cartas de amor

Caprichada caligrafia

No peito um enorme tambor

E romântica era a poesia

O tempo das cartas de amor

Nas caixas se achavam tesouros

Que nem nome ousavam pôr

Vindos dos mesmos logradouros

O tempo das cartas de amor

Se foi, como uma primavera

Ainda viviam vovó e vovô

E era curta uma longa espera

O tempo das cartas de amor

Passou, veio um tempo de pressas

De mensagens de cobrador

Em folhas rudes, frias, impressas

O tempo das cartas de amor

Envelheceram os correios

E no melhor computador

Os versos que saem, saem mais feios