O feitor

Vem, com renovado enfoque,

Sem rótulos de vício ou virtude;

Vem, com um repleto estoque,

De cuidados à minha saúde,

Afinal minha alma agoniza,

Enquanto ainda precisa,

Crer no que ora, a ilude...

Vem, qual pedra do meu bodoque,

Ou bolinha azul do meu gude;

Deixe, que esse anseio espoque,

E o escuro da noite se mude;

Afinal, o coração improvisa,

Mas, é só o amor que baliza,

Paixão nada noutro açude...

Vem, tome ruas e caos provoque,

Queime o lixo que não pude;

Municie bem seu “black bloc”,

E deprede essa solitude;

A guarda da solidão escraviza,

E qual escravo não precisa,

Esquivar-se a um feitor tão rude???