Entrelinhas
Rio, 07/05/07
Ah, que saudades disso...
Perder e ganhar o tempo em uma só linha;
Como poderia esquecer do sentimento, da euforia?
De ler e reler algo que ao menos sabia de onde vinha
E colocar céu e mar no mesmo chão,
Perder os sentidos e a direção; delirar; cantar; uma única visão
Essa, tão distorcida quanto for possível
Tornando-me ser pensante porém irreconhecível
E não discernir mais vida ou morte; melhor ou pior
Pois ao tentar descrever essas realidades;
Ao perder-se em lindas vontades
Fomos nos confundindo nas nossas próprias palavras,
Vamos retornando pela nossa própria estrada
De pensamentos soltos, mórbidos, eufóricos
De inconstâncias e incertezas, belezas impuras, tristezas alegres
Velhos da juventude, marasmo da certeza
E quase me esqueci...
Se ao reler antigos pensamentos,
Completar a realidade com momentos
Pude sorrir, chorar, sentir, desvalorizar,
Matar e morrer por mim mesma
Por de ninguém ser
Sou da linha caneta, lápis e lapizeira
Sou inconstância de um tempo em que o mundo me alucina
Eu sou o tudo e o nada, sem supremacia
A esperança da irrealidade que cultuas no olhar
Eu sou o caos, a esperança e o vento
A voz, a melodia e o momento
O nada, a alegria e o tormento
Eu sou o que quiser; eu vou à totalidade pertencer
Num horizonte infinito; inalcansável
Eu vou viver, enquanto escrever.
Andréa Amaral Nogueira