A ÁRVORE DA SAUDADE

Em um aclive não muito extenso ela tinha sua morada.

Longe de toda aquela selva de pedras da cidade,

tinha toda sua exuberância pelas estações transformada.

Um dom encantador que não precisava de liberdade.

Meninos e meninas adoravam dependurar-se nela,

as brincadeiras eram mais divertidas lá em cima.

Seus fartos galhos que seguiam eram como uma viela.

Cada vez mais estreitos até atingir aquela forma fina.

Nas tardes quentes de verão ela provia uma bela sombra

enorme e tão convidativa que até os idosos se aproveitavam.

No inverno era refúgio de muitos errantes na penumbra.

Um abrigo que no frio assolava os que invadiam e a tomavam.

Enquanto os apaixonados nela marcavam todo seu amor,

os rivais a usavam para delimitar um perímetro árduo.

Muitos amores ali começaram e vingaram com ardor,

muitas tristezas também passaram com um ar assíduo.

O tempo passou e ela sobreviveu a violentas tempestades.

Um forte carvalho que não se deixava abater facilmente.

Hoje ainda predomina naquele pedaço de chão com beldade,

onde muitos ainda vão relembrar de um passado vivente.