As águas

Entretanto, o céu do sul copioso chora,

outros céus carecem mais das lágrimas;

quem ignora o estio do sudeste agora,

desnudando represas sempre benignas,

crestando o solo sofrem fauna e flora,

a natureza desfilando os seus enigmas...

ao que já tem, ainda mais, se lhe dará,

ensina a Bíblia na parábola dos talentos;

mesmo o sovina andando pra lá e pra cá,

ao liberal a vida paga os emolumentos;

mais bem aventurado, pois, é o que dá,

mas, a alma se inclina sob outros ventos...

Os lábios dizem: Vá com Deus, seja feliz!

O coração : Fica comigo um pouco mais!

Aquela frase primeira, resignação que diz,

Só nos resta “tirarmos a corda” ademais;

O coração vai para a plateia e pede bis,

Ancora seu devaneio num ilusório cais...

Tal qual a chuva erra o lugar do pouso,

Dando onde sobra e privando onde falta;

Fazem as águas do prazer, e as do gozo,

Dando mais luz, às luzes fortes da ribalta;

Esperança frustrada recusa abaixar o toso,

Assaltada pela solidão e pela sua malta...

Bons anseios presos, desditas se soltam,

Quando bordejo solitário chutando lata;

As veleidades a lugar nenhum escoltam,

Nenhum, digo, que faça fugir da chibata;

Mas, quem sabe um dia as águas voltam,

Ou, essa sede sedenta enfim, me mata...