"Apenas um Retrato"
Foi amarga a experiência que me levou dias de alegria
Nostalgia sem fim em ápices de loucura
Um tal de fazer e desarrumar as malas
Que abalou-me a vida já toda sem estrutura
Nada restou-me além de uma simples moldura
Pedurada na parede fazendo vistas à rua
Onde passantes podiam se deleitar olhando
A tua imagem no retrato e a minha vida nua
Nua de amor, nua de vontades
Nua de prazeres, nua de cantares
Tristemente iludida, perdida no vai e vem dos dias
Contados alucinadamente, acreditando que virias
Noites perdidas em pensamentos fogosos
Madrugadas inteiras a construir castelos
Ideia fixa de um amor sincero
Hoje apenas um retrato a relembrar flagelos
Deixo-o alí, bem exposto aos passantes
Não te esqueci nunca, nem por um instante
Ficou sozinho na moldura velha
Pois a olhá-lo tua crueldade me revela.
Eliana Braga
©Gaivot@
10/12/06
Campinas/SP/Brasil
Esse texto é parte integrante da Ciranda: "RETRATO", publicado em:
http://www.fersi.de/html/cir_retrato.html