ARAPONGA
ARAPONGA
Ali,
Bem ali,
Bem no canto da janela,
Ficava o pé de primavera,
Com raiz tão antiga,
Que tia Maria dizia ser da idade da vovó.
O portal da vidraça,
Nem parecia que era de madeira,
De tão gasto que estava a soleira,
Não tinha mais cor o coitado,
De tantos cotovelos encostar.
A janela ficava do lado poente,
Onde o sol apresenta aquele vermelhão doído
Dor que vai amargando no peito franzido,
Que até lágrimas dos olhos Do vovô, correm,
Mísero, como sofre!
Naquele galho seco,
Todas as tardes de verão,
Cantava bonito o azulão,
E também a araponga,
Com seu canto de ferreiro.
E que ao cantar, fazia tremer as matas,
E amanhava os corações.
Acácio