o fulgor do sonho

sou como o fogo não me detenho

trago comigo a força do vento

no peito uma trepadeira a florir

a memória renascendo, donde venho?

dum sonho maior quase a ruir

venho do tempo sem tempo

da noite e do dia

da memória e da desmemória

do mundo da utopia...

sou labirinto de palavras usadas

arco íris de metáforas esquecidas

desolações que trago caladas

agonizo mas renasço

sempre em outras vidas

não sou navio encalhado

trago sim no coração a negação

dum destino malfadado

sou a noite e o dia do meu corpo

trago o canto consumido na voz

a cada dia me olho, realidade atroz

sou fogo sempre a arder mais alto

rajada de vento no arvoredo

trago a vida em sobressalto

mas encaro o futuro sem medo...

sou a que ama a natureza e a liberdade

o sol que se abre na planície

vou ser assim até morrer

dou asas ao meu vôo e levo saudade

e a abrasadora sede de mais viver

natalia nuno

rosafogo