PARA LADÁRIO.

PARA LADÁRIO

No alvor dessa pátria que me pariu

Onde portas têm olhos, a certeza tem boatos

A natureza tem espanto e o caos tem sua paz

É onde a amizade tem seus valores raros.

Por muito desprezei meu solo gentil,...

Mas ali ao sabor do sol, onde todos são mulatos

A cor é apenas um tom do ineficaz

Vale mais os conhecimentos caros

Àqueles não expostos na vitrine da vida

Os ocultos, mas de corações abertos...

E aprendi numa adolescência de muitos convívios

Que a maturidade traz-nos boas redolências

Os ventos da gentileza cicatrizaram a ferida

E os erros, dia a mais dia a menos, serão acertos.

Minhas dores, hoje, me trazem alívios

A experiência alça-me a céus sem ciências

A vida é um teste de tolerância,...

Ninguém teve consciência do meu inferno

Tão pouco do sabor maligno que nunca me quis

Constantemente fui um solitário em meio às multidões

Por isso gosto dos meus amigos de substância

Que sempre me amaram como um nada mais hodierno

Pois assim o sou, e assim me fiz,...

Dentre uma não-consangüinidade de emoções.

Nessa cidade que transformou o menino em homem

Onde dorme em cemitério esplêndido meus ancestrais

E é o berço da minha hereditariedade,...

É aonde todo sorriso me remete às lembranças

Saudades que me roem do cérebro ao abdômen

Do café vizinho e de conversas triviais,...

Ladário foi e será a minha escola sem banco de faculdade

E todo filho pobre tem como riqueza,... As suas heranças.

CHICO DE ARRUDA

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 16/12/2014
Código do texto: T5071978
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