PARA LADÁRIO.
PARA LADÁRIO
No alvor dessa pátria que me pariu
Onde portas têm olhos, a certeza tem boatos
A natureza tem espanto e o caos tem sua paz
É onde a amizade tem seus valores raros.
Por muito desprezei meu solo gentil,...
Mas ali ao sabor do sol, onde todos são mulatos
A cor é apenas um tom do ineficaz
Vale mais os conhecimentos caros
Àqueles não expostos na vitrine da vida
Os ocultos, mas de corações abertos...
E aprendi numa adolescência de muitos convívios
Que a maturidade traz-nos boas redolências
Os ventos da gentileza cicatrizaram a ferida
E os erros, dia a mais dia a menos, serão acertos.
Minhas dores, hoje, me trazem alívios
A experiência alça-me a céus sem ciências
A vida é um teste de tolerância,...
Ninguém teve consciência do meu inferno
Tão pouco do sabor maligno que nunca me quis
Constantemente fui um solitário em meio às multidões
Por isso gosto dos meus amigos de substância
Que sempre me amaram como um nada mais hodierno
Pois assim o sou, e assim me fiz,...
Dentre uma não-consangüinidade de emoções.
Nessa cidade que transformou o menino em homem
Onde dorme em cemitério esplêndido meus ancestrais
E é o berço da minha hereditariedade,...
É aonde todo sorriso me remete às lembranças
Saudades que me roem do cérebro ao abdômen
Do café vizinho e de conversas triviais,...
Ladário foi e será a minha escola sem banco de faculdade
E todo filho pobre tem como riqueza,... As suas heranças.
CHICO DE ARRUDA