Uma dose de Alzheimer

Estranho como eu já não penso mais tanto em você.

Estranho como já não dói mais, se chego a pensar...

Estranho como, aos poucos, me esqueci de nós. Como se tudo aquilo tivesse acontecido há anos. Em outra vida.

A única coisa que bate às vezes, felizmente cada vez menos frequente, e que não existe remédio, bebedeira, droga recreativa ou terapia que faça passar, é essa mania de pensar no que poderíamos ter dado se não fosse tão errado ficarmos juntos.

Só isso.

É um tipo de saudade do que ameaçou começar, deu a ilusão de ter começado, mas não começou ao certo.

Saudade do que se fez parecer palpável e infindo, mas que na verdade nem chegou a existir.

Saudade... A mesma saudade que eu sentiria por um feto morto dentro de mim que invariavelmente precisa sair, para não me fazer mal e me dar a chance de ter outro bebê.

Talvez o pior tipo de saudade.

18/03/2014

Thainá Mocelin
Enviado por Thainá Mocelin em 20/04/2015
Código do texto: T5213462
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