SAUDADE, SAUDADE.
Ah, meu amor, por que fugiu?
Volte aqui e me abraça,
Me dá um beijo que passa.
Me beija com raça,
Me ame e não disfarça.
Tranquiliza as batidas feridas
Do meu ruído coração intranquilo,
Culpado pelas idas infantilidades,
Condenado pela maldade e mordidas
No fruto azedo da imaturidade.
Não me deixe só nessa noite fria,
Olha pra mim, agora, só mais um pouquinho,
Dê-me o teu sorriso apenas uma vez
E eu não vou apaga-lo outra vez.
Oh, coração desértico de olhar profético em olhos de lágrimas quentes.
Solo antes fértil, hoje incoerente.
Levanta-te, tende bom ânimo,
Talvez ainda haja esperança.
E se possa entrar de vez naquela dança.
E no horizonte lá da frente,
Quem sabe ainda possa brilhar outra vez,
Como o sol de todas as manhãs,
A vida que um dia assim se fez.
Ah, coração, traído pela razão,
Enganado pela emoção,
Talvez a tocha ainda brilha
E reacenda o fogo que queimou um dia,
Aqui dentro e te aqueceu de qualquer jeito mas não te esqueceu.
Oh, imperfeito o coração meu.
Ah, amor, por favor,
Volte aqui e me abraça,
E me presenteie com o pequeno frasco
Daquele teu perfume proibido,
Extraído do fruto que um dia foi colhido,
No canto da boca tua,
Do toque da pele nua,
No mistério do teu suspiro contido e escondido,
Na sensualidade que a lua refletiu,
No toque de verdade que um dia existiu.