SAUDADE, SAUDADE.

Ah, meu amor, por que fugiu?

Volte aqui e me abraça,

Me dá um beijo que passa.

Me beija com raça,

Me ame e não disfarça.

Tranquiliza as batidas feridas

Do meu ruído coração intranquilo,

Culpado pelas idas infantilidades,

Condenado pela maldade e mordidas

No fruto azedo da imaturidade.

Não me deixe só nessa noite fria,

Olha pra mim, agora, só mais um pouquinho,

Dê-me o teu sorriso apenas uma vez

E eu não vou apaga-lo outra vez.

Oh, coração desértico de olhar profético em olhos de lágrimas quentes.

Solo antes fértil, hoje incoerente.

Levanta-te, tende bom ânimo,

Talvez ainda haja esperança.

E se possa entrar de vez naquela dança.

E no horizonte lá da frente,

Quem sabe ainda possa brilhar outra vez,

Como o sol de todas as manhãs,

A vida que um dia assim se fez.

Ah, coração, traído pela razão,

Enganado pela emoção,

Talvez a tocha ainda brilha

E reacenda o fogo que queimou um dia,

Aqui dentro e te aqueceu de qualquer jeito mas não te esqueceu.

Oh, imperfeito o coração meu.

Ah, amor, por favor,

Volte aqui e me abraça,

E me presenteie com o pequeno frasco

Daquele teu perfume proibido,

Extraído do fruto que um dia foi colhido,

No canto da boca tua,

Do toque da pele nua,

No mistério do teu suspiro contido e escondido,

Na sensualidade que a lua refletiu,

No toque de verdade que um dia existiu.

Julius Delamorti
Enviado por Julius Delamorti em 06/07/2015
Código do texto: T5301159
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