Retratos
Entre retratos amarelados, já amassados, quase apagados
vi os teus olhos olhando os meus...
Lembrei dos dias que andávamos juntos, mãos agarradas e riso fácil em nossos lábios.
Lembrei do gosto daquele beijo e da maciez da tua boca.
Lembrei que não gostava que eu te pressionasse nem que te apertasse forte demais nos meus abraços, enquanto eu, num impulso desesperado, de quem prevê o fim antecipado, queria somente te prender a mim.
Para sempre teria sido teu.
Para sempre teria sido minha.
E esses retratos teriam sido substituídos por outros de cores vivas e bem mais vibrantes.
Retratos outros. Retratos novos.
Porém, já agora não mais nos restam fotografias, se quer lembranças daqueles dias.
Ao não ser as minhas, que guardo em meu peito, como folhas outrora amassadas pelas tuas mãos,
que não joguei fora;
Como não joguei nossos retratos;
Como jamais me desfiz do teu amor.