ENCONTRO

Mais um encontro.

De alegria estou tonto,

Um náufrago embriagado,

De novo no porto atracado

Espera encontrar no cansaço:

O calor, a doçura, o aconchego do abraço

De amigos presentes, de amigos ausentes

Que matam e açulam a saudade na gente!

Mais um encontro,

Como esperei por este encontro!

Para dizer aos quatro cantos, da nossa saudade,

De cochichar com o sussurrante vento passante

Que levanta aqui e acolá a poeira da saudade;

Que formava redemoinhos, para nós um “ridimunho”

Que arrancava tufos de grama, que cegava os olhos da gente,

Que nos metia medo ao Demo e seus sequazes

Rodopiando num vórtice em algo tão natural...

Saudades,

Da Vila perdida na poeira do tempo...

Da biquinha, da serrinha, dos musgos

Que alegres colhíamos em algazarra juvenil

Para enfeitar presépios e acolher o Deus menino!

Saudades,

Da boca da mina que não existe mais,

Que vertia e jorrava incessante, incansável

Água pura, imaculada, sem mistura

Que matava a sede, que lavava a sujeira

Que se foi para nunca mais!

J.MERCÊS

25.11.2015

JOSÉ MERCES
Enviado por JOSÉ MERCES em 01/12/2015
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