POEIRA DO TEMPO

De tempos em tempos, sinto-as em meus olhos.

Não sei se vêem me trazer lembranças,

Ou um alerta ao meu coração,

Ou mesmo ao meu espírito.

Quando as vejo se formando no espaço,

A reflexão toma conta do meu ser.

Arrepia todos os sentidos do meu universo,

E deixo extravasar a sensação da minha alma.

Formam-se imagens, cores e contornos,

Escuto palavras que soam como punhal,

Mas também ouço hinos que entoam

Uma canção que me apazigua.

Poeira do tempo...

Poeira de lembranças,

Poeira de crianças,

Poeira de esperanças,

Poeira de andanças.

Formam-se a minha imagem e semelhança,

As vezes são de multicores,

Outras são de um cinza negro,

Como também de um vermelho escarlate.

Tento segura-las, mas escapam por entre meus dedos.

Aprisiono-as em vasos milenares,

Mas estes se quebram pelo tempo,

Ou pelo modo que armazeno,

No armazém da minha vida.

Poeira do tempo...Que vão se multiplicando...

A medida que pronuncio laminas de aço,

Poemas de amor,

Olhares de sentimentos,

Mãos que sustentam,

Orações que se elevam aos céus.

É apenas eu dentro dos tempos.

São poeiras do meu tempo,

Dentro do universo que me contem,

Do que fui criado,

Pela vontade de Deus.

E. Di Camargo

23/05/2007

Di Camargo
Enviado por Di Camargo em 02/07/2007
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