SAPO NO SACO (Jararaca e Ratinho) - Série Pérolas do Sertão do Caipirinha

E era o sapo dentro do saco

O saco cum sapo dentro

O sapo fazendo papo

O papo fazendo vento

Iêu agora vô falá desse noivo Zé perneta

Era vesgo de uma perna e do oio era maneta

A noiva fazia mala, ele fazia maleta

A noiva tocava trompa, ele tocava trombeta

Ele escrevia de lápis, e a noiva de caneta

A noiva cortava vara, ele cortava vareta

Ela dormia no carro, e o noivo na carreta

Ela fazia carinho, e ele fazia careta

No dia do casamento, na casa do Zé Fulô

Agora nóis vai dizê, aquilo foi um horrô

Os dois se recolheram, logo ele se estranhô

Ela foi se desmanchando, ele logo se espantô

Ela foi tirando um olho, depois um braço tirô

Arrancou a cabeleira, ele aí se apavorô

Ela aí tirou um perna, ele ai logo gritô:

"Minha filha, minha noiva, vê pra mim o que sobrô!!!"

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JARARACA E RATINHO

JARARACA (José Luís Rodrigues Calazans e RATINHO (Severino Rangel de Carvalho)

Buraca da Fumaça, 5 do mês que passa e do ano que trespassa. Esta data surreal, parte do absurdo calendário da dupla caipira Jararaca e Ratinho é apenas um dos muitos trocadilhos e gags humorísticas com que presentearam milhares de fãs que riram de suas pantomimas ao longo dos 54 anos da dupla. Seja na TV, rádio ou num auditório de teatro, foram imbatíveis. Com suas anedotas, causos e adivinhações calcadas no espírito troçador que tinham os verdadeiros artistas, deixaram mais de 800 discos de 78 rpm e dois LPs onde alternavam números musicais com vasto anedotário.

Um dos primeiros registros de uma embolada no país Sapo no saco e Espingarda... Pá é feito pela dupla em 1929. No ano seguinte gravam a embolada Itararé, importante documento sobre a República Velha e que tratava em sua letra dos conflitos armados desencadeados na Revolução de 30 e que opôs Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul contra os 20 estados restantes.