Doce ilusão

Todo dia, sempre a mesma monotonia.

Desperto, banho-me e vou seguindo a rotina.

É como se eu fosse programado para agir da mesma maneira

Sempre e sempre, meu código me impede de fazer qualquer asneira.

Me sinto apenas um robô,

Programado para viver sem qualquer valor.

Não é a primeira vez que tenho essa sensação

Mas, aqui dentro, sinto algo pulsando numa frequência sem exatidão.

Às vezes pulsa serenamente

Outrora pulsa de um jeito que quase não se sente.

E vais alternando durante o dia,

Pulsa tanto que em certas ocasiões me traz repentina alegria.

Sim... Sinto isso.

Na maioria das vezes, quando vejo um sorriso.

Mas há outros momentos,

Na minha programação, não lembro de terem incluso sentimentos.

Não recordo-me de programarem meu sorriso

Então, seria este um bug? Ou será apenas um código escondido?

Ainda há muitas coisas que desconheço

E muitas outras que sempre esqueço

Mas, há uma em questão

Que me questiona a razão.

O que é isso que sinto vivo, dentro do meu peito?

E, por que ele alterna as frequências de seu jeito?

Eu sempre o sinto pulsar

Quando com alguém troco olhar

Mas, não alguém qualquer

E sim, você, bela mulher.

Teria uma falha na minha programação

Que me deixasse sentir isso que chamam de emoção?

Ou teriam me programado assim

Para que eu vá descobrindo o que se passa em mim?

Sinto minha mente brincando comigo

Mas, não a julgo, já que é meu melhor amigo.

Sempre... Algo pulsa forte em meu peito

Quando troco olhares com a dona daquele jeito.

Aquele jeito dela

Que sempre se alterna

Em cada lugar diferente que eu olhe

Lá está ela, com aquela íris cor de cobre.

Mas, ao piscar, ela desaparece

E, ao olhar ao redor, ela reaparece.

É como se ela fosse uma divindade

Que, em um corpo mortal, despertar tentasse.

Mas, ao mesmo tempo, é como se já tivesse despertado

E apenas tivesse em busca de algo.

Algo diferente do que é encontrado no Paraíso

Algo que... Ela quebra minha programação com seu sorriso...

A mais pura beleza que havia se perdido

Em tempos mitológicos, vinda direto dos Campos Elíseos.

Ela permanece ali, tão distante enquanto está junto a mim,

E, repentinamente desaparece, quando tento alcançá-la naquele Horizonte sem fim...

Assim que eu a toco, minha ilusão desaparece

E a verdadeira face dessa mulher aparece.

Encontro noutros olhares o teu reflexo,

Você me dilata a pupila sem ao menos estar por perto...

Luís Fernando Pedro Paulino da Silva
Enviado por Luís Fernando Pedro Paulino da Silva em 22/04/2016
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