Luas de Saudade

Luas de saudade explendem dolorosas

Sobre o espelho de cristal das vivas lagrimas

Que das alturas do olhar rolam fugindo

Puras e assustadas,da fonte materna e triste,

Até formarem as profundezas oceânicas

Onde morrem, monumentos do que se foi,

Embalados pelo som de uma cantiga de ninar.

E dormem na noite da ternura intransmitivel

Esta que cala e sempre quer falar,

Esta que anseia e ,insatisfeita, esquece

De tudo que nos espaços existe, menos de amar.

Porque o amor,poeta e construtor, privado

Do ato sublime de dar o seu recado

Mais cresce o seu recado em sua dor.

Pois a lembrança é essa ausência valiosa

De quem resgata um retrato das poeiras imortais,

È a indizível verdade de quem ama

E por amor prefere o choro caro aos risos banais.

Mas,filha escura da alma, precisa

Subir ao firmamento e colher os clarões fatais

Não do sol,que tudo expõe ,mas das reclusas

Intimidade dos afagos da lua, místicos punhais,

Que uma tão doce chaga provocam ferindo

Que dessa dor nasce um tal contentamento

Que as lagrimas mortas revivem, vão subindo,

Então os amantes abraçados as veem no firmamento.