Primeiro dia dos pais sem ele

Hoje não tem telefonema, nem abraço apertado

Hoje não tem presente com fita bonita

A sabiá não canta mais em sua cozinha

A casa está fazia, fechada e fria

Ninguém a espera de nossa visita

Na churrasqueira, apenas restos de cinza.

Ninguém ainda ousou usá-la

Hoje não tem cheiro de empadão

Nem churrasco nem feijão

Não tem bolo nem sagú do Orlandão

Hoje não tem belas histórias

Nem gargalhadas e risadas

A mesa não foi posta

Ninguém se juntou a sua volta

Hoje, especialmente hoje

tem por do sol cinzento

No peito um aperto só

E na garganta aquele nó.

Para quem nos ensinou tanto

Faltou dizer como parar esse pranto

Da imensa saudade que deixou.

Nos ensinou a dar a volta por cima.

Então amanhã...

Amanhã será outro dia.

Mas hoje...

Saudade é a palavra do dia.