Tempo de Ir

Quero de volta

O tambor de lata, o cordel, meu pião,

O carretel, minha pipa, chinelo e meu calção de brim.

As fogueiras de São Pedro, Santo Antonio e São João,

Aqueles bancos, minha praça e os pentes de marfim.

Uma bola de capotão, grito, xingo e o som do apito,

A Paredão, a quermesse, tanta gente e tanto agito.

Quero de volta

As cruzadas, guerras de cana de milho,

As fisgas, os anzóis, as iscas de capim.

Olhar o trem desaparecer no trilho,

Correr na chuva, nadar na poça d’água,

Ouvir histórias de meia-noite e dos serafins,

Aquele medo do escuro e de ser só,

O alto da figueira e o balanço do cipó.

Quero de volta

Afundar meus pés no barro,

As toalhas alvejadas do varal de minha avó.

Pé-na-lata, pique e água dos jarros,

Galopar no meu cavalo imaginário,

No caderno rabiscar o meu cenário,

As figurinhas, o bate-bafo e escravos-de-jó.

Quero de volta

Comer goiaba bichada, manga na mangueira,

Laranja no pomar alheio, escalar jabuticabeira,

Andar descalço pelos campos verdes

Fazer balanço no galho da paineira,

Laçar mourão de cerca e escalar paredes.

Quero de volta

Sentar-me a beira das estradas,

A tradução dos redemoinhos de vento,

As histórias em sonhos inventadas.

Nas mãos, guardar aquele momento,

Minha mochila, meu boné, meu adeus.

Meus segredos e um pouco dos seus.

No meu tempo .... de ir!!!

MAReis

MAReis
Enviado por MAReis em 31/01/2017
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