Além das nuvens

Deitado tristemente ao pé desta figueira

Recostado na raiz que nos foi por travesseiro

Varia vezes quase um lindo dia inteiro

Ainda que esta relva nos causasse coceiras

Aqui nos divertíamos com nossas brincadeiras

E hoje só, entre os vãos de seus galhos frondosos

Contemplo as nuvens que em dias saudosos

Testemunharam nossa paixão derradeira

Olhávamos abraçados, uma nuvem passar

Aqui na figueira que estou agora mesmo

Formando tantos desenhos lindos a esmo

E tentando prever o desenho que ia se formar

Que quase sempre você conseguia acertar

E depois de muitas previsões minhas furadas

Entre carinhos, galhofas e gargalhadas

Nos retirávamos para a mata explorar

Nesta mesma mata tão linda que estou agora

Sob as nuvens que pareciam nos vigiar

Sobre o chão que parecia nos apoiar

Mas que nos eram amigos somente outrora

Porque são meus piores inimigos agora

Já que a terra não irá mais a ti me devolver

E o céu nem por um pouco me deixa te ver

Por tudo isso de dor minha alma chora

Chora de dor e de um sentimento perverso

Que me tortura a alma judiada e ressentida

Que se ainda tem alguma esperança na vida

É baseada só na promessa do Deus excelso

O qual me esforço para em servi-lo ter sucesso

A fim de na vida eterna enfim te reencontrar

Para juntos e eternamente melhor explorar

Toda a imensidão do nosso universo

Santiago Guerrero Tuesta
Enviado por Santiago Guerrero Tuesta em 23/04/2017
Código do texto: T5978982
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