O PORTO QUE NOS CABE

Quem parte de nós... se parte de nós, deixa uma saudade...

Uma saudade do outro que está em nós, mas que se faz ausente.

Ausente de nós, nos deixa sós, sozinhos em nós.

Saudade esta que se está em nós não nos deixa sós.

Saudade gelada, fria e cálida.

Calor gelado que não congela nem queima.

Apenas teima nas passadas incertas sobre o mármore frio em um tom sombrio.

Sombras da alma que se desvanecem quando a saudade acalma.

Numa cardiopática e anímica saudade que brota da alma e toca o coração.

Assopro o hálito quente em minhas mãos...

Busco a saída.

Há tanta saudade, tanta lágrima, tantas partidas que se misturam com pequenos gestos e rompantes de alegria e de pura fantasia naquele piso gelado, batido e repisado.

Naquela noite fria.

Sinto a alma vazia...

Uma lágrima corre o meu rosto.

Contida... reprimida.

Em busca de guarida...

Respiro fundo, aperto o passo.

Afinal a ausência não é falta; é um estar em mim, já dizia o poeta...

Sigo em frente transpondo o portão.

Percebo um ser místico que me estende a mão...

Tudo era pura emoção!