AUSÊNCIA VIVA
AUSÊNCIA VIVA
Hoje retornei àquele lugar
onde sempre nos levavas.
Tudo muito verde;
foi um ano bom de chuva.
Como é bonito de se apreciar
o mato verde,
o umbuzeiro carregado
a nos brindar com seus deliciosos frutos,
as seriguelas começando a amadurecer,
os umbus-cajás ainda verdes
como a nos dizer:
- estamos nos preservando
para quando os demais
já tiverem cumprido sua missão.
O feijão, a maior parte já colhida,
muita água.
Enfim... belíssimo espetáculo!
Mas...
No portão quase a cair,
no gado que não avistei,
na pomba que fugiu,
no silêncio que reinava
ao não mais se ouvir:
o "tou fraco" "tou fraco"
das galinhas-de-Angola,
o latido dos cães,
o cacarejar das galinhas
e dos galos, o canto,
a sua ausência era notada.
Ou a tua presença, mais do que nunca,
era, por mim, vivificada.
E como a minha hora
ainda não era chegada,
em terríveis raios,
que rasgavam os céus
de cima a baixo,
eram minhas lágrimas
transformadas.
E os terríveis trovões
que a todos assustavam,
eram meus soluços
que a mãe Natureza
de mim arrancava
para não explodir de dor o meu peito,
que a tua ausência não mais suportava.
Aos poucos tudo foi se acalmando.
E ouvi a tua voz,
numa doce carícia:
- Quero que sintas a minha presença
na leveza da brisa,
no farfalhar manso das folhas,
no trinado dos pássaros,
na paz daqueles que em silêncio aguardam
e sabem que...
A ESPERA DO REENCONTRO
É MAIS SUAVE PARA OS QUE AMAM...
-délia-
(Retornamos à fazenda "Palmeira", onde sempre íamos, aos sábados, quando o meu pai ainda era vivo) (OBRIGADA, MEU PAI! OBRIGADA DEUS, POR MEU PAI).