Desejo de vida

Foi bem assim, sim; querendo te ver,

busquei por ti disfarçando meu fraco;

co’essas coisas de um casual parecer,

braço que se dá a pegar, não a torcer,

onde furtei a vista de você, um naco...

Essas nuances sóbrias, de cara cheia,

é vida que serve o que tem pra beber;

ela com a bola toda, eu, bola de meia,

coiote insano uivando para a lua cheia,

desejando a morte dessa dor de viver...

Esses momentos loucos, outros, sãos,

contrapontos anímicos peso e leveza;

onde os anelos sucumbem aos nãos,

matei saudade com as próprias mãos,

mas, juro que fiz, em legítima defesa...

Era ela ou eu, qualquer juiz inocenta,

qual a culpa por esse desejo de vida?

Natural ebulição se a água esquenta,

na falta d’um colo a gente reinventa,

e finge ter ganho, certa bola perdida...