SONHEI

SONHEI

Sonhei que estavas por vir,

por isso lavei lençol,

limpei a casa de panos

e de aspirador de pó;

criei expectativa

de afagos e também

de conversas criativas

e coisas que vão além;

os broches da penteadeira,

pus embaixo, na gaveta;

a cadeira que balança,

renovei com tinta preta;

preparei café bem quente

e tem mais na cafeteira;

caso viesse mais gente,

não me achasse de bobeira;

as fronhas também troquei

pra que caso adormeças,

seja limpo e perfumado

o pousar da tua cabeça.

Enfeitei o corredor

de cravinas e pus rede;

e repus nosso retrato

pendurado na parede

e me preparei tão sério,

e me preparei tão tenso,

que logo pus-me a queimar

aquele festival de incenso.

Porém horas se passaram,

era manco o meu caminhar;

pé a pé, de lado a lado,

não saía do lugar:

e corria até a porta,

socorria o catavento,

dava jeito nas campânulas,

permanecia atento,

mas nem de longe rangia

uma carroça sequer;

seu passos, não os ouvia

meu ouvido de mulher;

e fui aos poucos cedendo

à luz que vem da janela,

o meu corpo estremecendo,

e o cérebro (sentinela)

foi aos poucos despertando

(estava em sonho; perdido),

revivendo o tal detalhe

pelo sono suprimido:

Tinhas partido de mim

sem deixar rastro nem jeito;

acordei desacordada

de dor que não sai do peito.

Cassio Calazans
Enviado por Cassio Calazans em 28/08/2017
Reeditado em 30/08/2017
Código do texto: T6097000
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