Martírio do Poeta

Eu queria ter colhido no presente

Melhores flores, com aromas delicados

Mas, incauto eu lancei tão vil semente

Que abrolhos deu-me em forma de pecado

Eu queria ter sorrido nesta vida

Com alguém , que eu amasse de verdade

Mas o quê um poeta sabe do amor?

Se o seu instinto é viver em liberdade

Ai! Quantas vezes que a pena esplêndida

Correu ligeira e teus predicados cantou

Porém debalde hoje releio no recanto

A luz dos olhosque o tempo apagou

Agora não vejo mais teus olhos docemente

Correndo alegres no meu verso apaixonado

Se não podes perdoar as minhas faltas

E os meus erros que estão já no passado

Ao menos diga-me oh! ninfa, um Adeus!

Algo que encerre de uma vez este martírio

Sepulta minha pena vacilante

Enterra com meu verso, o meu delírio!

Mas cala-te, não mostra-se, nem vês

Não dá-me chance de pedir-lhe o perdão

Concede-me deste tormento um fim

Ainda que venha acompanhado de um "Não".

Moisés Lopes
Enviado por Moisés Lopes em 18/09/2017
Reeditado em 06/12/2022
Código do texto: T6117513
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