POESIA INACABADA
Pai, lembro de ti na saudosa Arraial do Cabo...
Alto, forte, destemido.
Olhar firme e confiante.
Para mim eras um gigante.
Sua fortaleza inspirava em mim, menino ainda, a segurança de sentir-me protegido.
Pequeno ser frágil que era, me sentia imortal.
Pai, você me deixou...
Mas eu nunca te deixei!
Caminhei trôpego pela vida desde então, tentando encontrar a razão.
Quanta solidão!
Quanta solidão, neste coração doído que deixaste para trás...
Sou teu filho. Tu és meu Pai!
Posso assim alcançar a mais plena compreensão do que tinhas, do que sofrias, meu pai.
Tanto tempo faz, mas este sentimento transcende o tempo...
Sempre tenho, ao lembrar-te, a sensação de que foi ontem que desta Nau aportaste.
Por quais mares tens navegado desde então, meu Capitão?!...
E a solidão então me deu guarida, se refazendo em carne nesta vida.
O sol se foi, mas a Lua anda e brilha feito dia...
E a dor alivia.
Sois então o sortilégio da vida que se recria e que em mim agora buscas abrigo e se refugia.
....
(poesia inacabada)
Ramiro Jarbas
19.01.2018
Curitiba