Silêncio do Céu e da Terra

Olho para a imensidão do mar

E o vai e vem de suas ondas,

Para a morbidez do céu

Que não muda sua face debilitada,

Para a Terra que treme nas suas entranhas

E questiono-os como em uma entrevista estranha

Frente a frente com o nada:

- Cadê aquele momento que passou

E que não tornará a passar?!

- Cadê o canto que o pássaro cantou

Cansado, após a eterna viagem de lá pra cá?!

- Cadê aquele mesmo ar

Que encheu meus pulmões de felicidade e amor?!

(Silêncio)...

- e as folhas conversam entre si,

debatem-se e brigam,

umas caem, outras ficam.

possuem as respostas de todas as perguntas,

mas por orgulho,

permanecem mudas -

(Silêncio)...

- e o céu que a tudo testemunha

afasta de si as nuvens,

e chama o vento que o ajuda.

quer falar pois sabe as respostas,

mas os deuses o fizeram como poço de segredos

criando-lhe uma língua diferente -

(Silêncio)...

Observando as inquietudes incoerentes

Da linguagem do céu e da Terra,

Estou aqui seco e preso

No tempo entre o gozo do passado

E o vazio presente.

O futuro ainda é o silêncio solene

De uma Igreja lotada em plena comunhão,

Vendendo na prece a esperança,

A esperança pela solidão.

André Espínola
Enviado por André Espínola em 24/09/2007
Reeditado em 24/09/2007
Código do texto: T666088
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