SAUDADE

De vez em quando ela chega sem avisar

Teimosa lágrima insiste querer escapulir

Abro a janela, deixo a saudade entrar

Fecho a porteira pra não deixar ela partir

O tempo passava rotineiro e diário

Tudo tinha instante certo e lugar

O Dia vinha exatamente no horário

Logo depois da noite escura se acabar

Lá na fazenda nunca ficava solitário

Madrugada despertava-me o sabiá

Olhar desconfiado, replicava o canário

Não havia gaiolas, mas estavam sempre lá

Era sem asfalto a velha estradinha

Caminho da casa grande até o ribeirão

No trajeto via ninhada da galinha

Flores nativas coloridas pelo chão

Cachorro dormia na beira da soleira

No pasto uns boizinhos modorrentos

Mato e céu pareciam fazer fronteira

As notícias voavam aos quatro ventos

Nenhum barulho dos carros da cidade

Paredes de barro, dispensavam cimento

Voltar pra lá mostra-me a realidade

Desconhecia tristeza e sofrimento

Na foto da parede vejo o passado fugir

O futuro teve muita pressa em chegar

Fecho a janela, chegou a hora de dormir

No sonho abro a porteira, voltei ao meu lugar

De vez em quando ela chega sem avisar

Teimosa lágrima insiste querer escapulir

Abro a janela, deixo a saudade entrar

Fecho a porteira pra não deixar ela partir

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 11/06/2019
Reeditado em 11/06/2019
Código do texto: T6670610
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