Do meu espírito infantil ao meu eterno irmão:Bruno.
Doravante terei fome
da lembrança e não dos doces
da infância que acabou-se;
devorarei a saudade
Antes, fui uma das flores,
hoje cultivo horrores
com a mesma intensidade.
O mundo há de remoçar-se,
ele o faz a cada instante
e a cada iniciante
dá uma efêmera persistência
que os pérfidos dias calcinam
e friamente nos ensinam
a viver de reminiscências.
Não mais a face sublime
e a admirável destreza que,
de encantos por natureza,
destronavam a bela aurora.
Saudades ressoam, amigo,
levaram meus astros contigo
e limitaram-te à memória.
Levaram-te a força, o sopro,
escupiram meu rosto lugente
e os dias vazios, pungentes
nada mais são que um espelho.
O tempo lustra a ausência
da minha criança, inocência
que brincava entre os loureiros.
Hoje o bosque é lamacento,
e o meu presente igualmente,
vejo que os lótus mentem,
omitem a sequidão.
Eu sinto: já vou encontrá-lo!
Trêmulo e feliz disparo,
para o fim da murmuração...