Frevo da Saudade em Outubro

Saio pelas ruas do Recife

Em pleno calor arrebatado de Outubro

Como um Pierrot bêbado e vagabundo,

Chorando de saudade

Por entre as pontes da cidade,

Os beijos da sua Colombina.

E ele grita:

- Onde estarás tu, tão singela e linda,

Com teus dois olhos verdes e duas ilhas desertas

Como pontos escondidos e escuros,

Nos quais as águas do mar seriam poucas

A encher calabouços tão profundos?

Dizei-me, Colombina,

Voltarás no próximo Carnaval,

E só beijarei então tua boca,

Por entre as ladeiras de Olinda?

Quando, Colombina, ou onde?

Aqui em Recife ou em cidade distante?

Nas madrugadas pelas ruas planas

Ou na subida d'alguma das pontes?

Dizei-me, Colombina,

Virás agora no fim do dia

Ou na próxima semana?

Enquanto isso eu fico pelas ruas do Recife

Em pleno calor arrebatado de Outubro

Como um Pierrot bêbado e vagabundo

Cantando desafinado o Frevo da Saudade.

André Espínola
Enviado por André Espínola em 15/10/2007
Código do texto: T695642
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