Jardins da infância
Velas mortas pela noite saúdam a brisa que invade as casas de terra e reza
Ruas pisoteadas por autores transeuntes gritam o vermelho das flores e o amarelo das podres frutas
O cais e o caos a perder-se em meio aos mudos e moribundos peixes
Estátuas e fotos a ironizar o movimento e vozes ao léu a coibir o som do silêncio
A grama entrincheirada na sola de meu sapato lembra-me as tardes coloridas nos secretos jardins da infância
As crianças a brincar com o mundo das gravatas
Os velhos a observar em seus solitários quartos os quartos velhos de tempos em lá
A ler o que me cerca caminho rumo a mim –
Deito-me em meu leito a lembrar das sagradas e profanas tardes nos secretos jardins da infância.