SODADE - Poema Matuto

Dessa palavra, sodade,

num existe tradução.

É uma dô qui quando ataca,

nuis faiz sofrê de muntão.

É dô qui quando se sente,

mexe cum tudo da gente,

lá dento do coração.

Sodade num tem plurá;

purisso véve sòzinha.

Martratando munta gente,

do seiviçá à rainha.

Machucando c’a lembrança,

ais vêiz matando a isperança,

de quem prá ela, caminha.

Faiz o valente chorá,

faiz o forte isfraquicê,

faiz a gente se lascá,

sem drumí e sem cumê.

O cabra fica reiádo,

sofrendo disisperado,

pidindo a Deus prá morrê.

E o hôme, principamente,

acredite se quizé.

Sofre c’a situação,

nisso pode fazê fé.

O cabra sofre à vontade,

se a danada da sodade,

fô do tá “bicho muié”!

O dia fica cumprido,

o cabra acorda chorando.

Passa o dia puros canto,

mocorongo, matutando.

Num consegue nem surrí,

e ais vêiz, quando vai drumí,

vai se deitá saluçando.

Mais inda resta um consolo,

digo na minha poesia.

Antes de incruzá cum ela,

facilmente tu surría.

Pode iscrevê qui é verdade;

adonde ixistí sodade,

arguém foi feliz, um dia.

Prá finalizá, eu digo,

puro mundo, andando a êrmo.

Do fundo do coração,

cum meu peito todo infêrmo.

Sodade; digo surrindo:

É isso qui eu tô sintindo,

de você agora mêrmo!...

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 13/11/2007
Código do texto: T736227
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