Passou o trem

Passou o trem.

É chegada a hora do nada.

Desce as escadas e o acesso à rampa de volta pra casa.

Foi lá pra ver as janelas rodarem a mil.

Os lenços, as saudades, as despedidas.

Criança de colo que chora.

Não é de tristeza.

Mas ele se aborrecia.

Eram assim as manhãs daquele homem.

Aquele que viu muita gente partir.

Desconhecidos, nunca acenaram a ele.

Calçava as botas e descalçava.

Cansava de fazer muito esforço com as pernas.

Queria mais era observar.

Lembrava, fazia aquele momento ser o passado.

Ah se fosse!

Não largaria a mão dela.

Com aqueles novos rostos e novas saudades.

Pra ele, velhas saudades.

Ficava ali sentado, folheando um jornal velho.

Tudo nostálgico.

Era a falta dela.

No passado, no presente e no futuro.

E passou-se mais um trem e mais um trem e mais um trem...

Samara Abdul
Enviado por Samara Abdul em 22/11/2007
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