UMA PADROEIRA DE FAVORES!

Conheci-a. Chamava-se Raimunda.

Raimunda, de roupa, a Lavadeira;

Raimunda, de roupa, a Passadeira.

Esquelética. Pobre Raimunda!

E, morava num infecto quarteirão

Da primeira e conhecida “Rua Velha”,

Numa casa caindo as telhas...

Era pobre, mas rica de coração!

Uma padroeira de favores!

Vivia a trabalhar de free lance;

Não teve a menor chance,

Só conheceu dores... Amores?!

Com o sabão e o ferro em punho,

Aqui e ali, e, sempre a sorrir,

Num lema de (quase) não pedir;

Doar-se era o seu testemunho!

Não tinha eira e nem beira!

Não fora nada de portento

E, em meio ao sofrimento,

Nunca perdia as estribeiras!

Também gostava de cantarolar.

Sentiu, sim, o peso das cruzes;

Teve seus amigos – suas luzes –,

E filhos por nomes: Tânia, Tatá...

A sorte não lhe bateu a porta!

De cara abortada, com esclerose,

Tísica, morreu de tuberculose.

Creio, o Céu te abriu esta porta!

(✝️Raimunda da Silva Martins – de Argemiro – 20/05/1998)

Francisco Ohannah Oleanna Osannah Galdino
Enviado por Francisco Ohannah Oleanna Osannah Galdino em 11/06/2023
Reeditado em 11/06/2023
Código do texto: T7810559
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