VELHO CANDEEIRO

Chamas trêmulas de um passado distante,

Quem sabe até inspirou doces romances,

Sucumbiu aos poucos diante das descobertas,

Só deixando saudades que nunca cessaram.

Pai herói diante dos filhos deslumbrados,

Contava histórias mesmo diante das sombras,

Que olhos atentos não mediam seus medos,

E sorriam extasiados pelas façanhas inventadas.

Familias nas noites escuras se reuniam,

Para a janta escasssa, sem misturas, bem rala,

E em orações mesmo sendo poucas as posses,

Agradeciam à Deus pelas felicidades que tinham.

Dormiam serenas ao apagar suas chamas tremulantes,

Num assôpro de uma criança que mostrava sorrisos,

Suave, num sussuro, talvez até numa brisa,

E você, candeeiro também buscava seu descanso.

Numa parede, num canto, até no alpendre,

Era ponto de encontro para todas as saudades,

Lembranças que se foram das ausências sentidas,

E hoje nada restam para amenizar todas as perdas.

Velho candeeiro que iluminou todas as noites,

O progresso ofuscou sua romântica existência,

Exterminou suas trêmulas chamas pela praticidade,

Da lâmpada que ilumina mas não deixa lembranças.