ACASO

 

Encontrei-me nos acasos da vida

No voltear na pracinha da matriz

No êxodo do trem na madrugada

No correr e saltitar da criançada.

 

Na triste despedida de quem viajou 

No pranto triste que ficou para trás

Na velha mala de couro envernizado

Cheia de trecos no quarto esquecida.

 

Nos tantos e frios sinuosos atalhos 

Da estrada deserta, arenosa, escura

No calar do antigo relógio de parede

Esquecido na sala da frente de casa.

 

No sereno harmonioso da calçada 

Na cantoria alegre da passarinhada 

No vendaval silencioso da noitinha

Na mágica e encantadora poesia.