Longos dias

Longos dias constelados de sonhos

Vinhos e carnes em êxtases risonhos

Vagam vagas arcas leves, diluídas

No albor do sol em horas entretidas

Em louro desnudar da solitária vila

Cujo tédio expõe a maré tranqüila

Frustração de caracol fere o seio

Nubla o vasto vôo do anseio

A tênue dor dos pássaros irreais

Aporta aqui abortos de carnavais

Uma chama longínqua arde nos

Corpos livres em fulgores nus

Onde a beleza canta seus palácios

E os momentos aquilatando ócios

De prazeres ideais florescem dados

Aos passageiros vivedores deliciados.

E para pequena desgraça sensual

Flameja o sonho em pouso ideal

Onde distantes singram desejos e aves

Enquanto o lance me lacera de entraves

As tardes vagas quais urnas vazias

Encerram desertos de plagas frias

E acasos de não ter o que fazer

Cozinham de tédio os ritmos do ser