Balada Lenta

Lenta, desperta a balada,

A balada do meu sonho, lenta...

E vejo a terra a entretecer o nada,

E o céu de preces que o azul sustenta.

Lento tropel abandona lento

As hordas mais frescas do som dedilhado

Nas harpas coruscantes do alento,

Na lentidão da canção e seu cardo.

Canção vagarosa, afeição calma e tarda

De tudo porque sou, porque amo, penso,

Porque o agora é uma canção sagrada

Sorrindo o girassol e o meu vergão de incenso.

O incenso da minha balada sulfurosa

Lentamente cavalgando pelos astros

Que no oriente da volúpia tarda

Estende lentas velas pelos lentos rastros.

Lenta a balada singra meu cansaço,

Mais lenta dorme a meus pés de fogo,

E eu já conto os tropéis, que meu abraço

Vai dormitar aos pés de lento rogo.

1992