Desabafar Poético - VXII

Desabafar Poético VXII

ou "Breve Comentário Sobre a Covardia"

A noite cai em minha mente

Junto dela os fantasmas da introspecção

Num ar absorto que sempre desmente

Tudo aquilo que o manto negro soube esconder.

E vindo pelas janelas o vento frio

De uma lua desaparecida pelas sombras,

Tudo que os olhos tocam é negritude, escuridão;

Cobre o intimo como tempestade um pranto quente

É o medo que sempre bate de frente

e espanta a covarde coragem que mal me habita o seio.

Pegar a vida numa bandeja de prata e esquartejá-la

Seguir as razões que habitam no crânio alheio

E jamais ousar pensar outra misera vez...

Tudo isso é o que o povo do sol espera de mim,

Entretanto a lua e a solidão sempre foram minhas amantes.

Uma vontade solitária de correr em desventuras

Provocando os ímpetos sem vis amarguras...

Era isso o que eu sempre houvera eu desejado,

Até que nos olhos da noite vi todo fulgor levado...

Com asas calmas e frágeis e ar terreno,

Um vento morno que espanta toda a adversidade,

A mesma brisa suave que levou meu manto

Levou consigo o que me restava de coração

E me deixou sem entender o que seria de mim

Quando finalmente o trágico dia raiasse.

R Duccini
Enviado por R Duccini em 15/06/2008
Reeditado em 24/07/2008
Código do texto: T1035860