Desabafar Poético - XX

Desabafar Poético - XX

"Eu sei a sua história. - Em seu passado

Houve um drama d’amor misterioso

- O segredo d’um peito torturado -"

(Augusto dos Anjos)

Enterra hoje em lágrimas o passado

E jamais ouse outra vez chorar

Neste pranto inaudito que cessa a noite

Em gotas vermelhas que se tornaram vapor.

Cala-te por um momento para que a cabeça

Esta maquina racional tome um instante de paz

E volte a caminhar na trilha de vozes

Que espremem vontades inconcebidas...

Apaga esta nódoa da alma manchada

E deleita-se no que te da amor...

Exprime da alma toda essa sentença

E afoga em tinta negra a desilusão

Cerra as mentiras entre os dentes semi-cerrados

Afirma tudo o que antes em ti era fulgor

Desanima-se em saber das desesperanças

Que a vida lhe pôs na alma em crenças tolas.

Todos sabem tua história...

Não se passa de um conto que ninguém cantou

Uma trova antiga que foi calada pela flauta

Em meio as teias escuras que lhe desencantou;

Agora todo peso te sepulta...

Mas tu já estás morta a tempos,

Desde aquele tempo de divindades ébrias

Que tu mesma resolveu hoje desenterrar...

Tristeza sobre tristeza é o que tu há de passar

Atravessando as correntes frias da loucura

Até as portas do templo da morte entrar...

Então, encerra teu pranto e desiste de amar.

R Duccini
Enviado por R Duccini em 23/07/2008
Reeditado em 24/07/2008
Código do texto: T1094441