QUANDO OS CORVOS CHORAM
Quando ele estende
A negra envergadura
Sobre a face do abismo
E o gosto das alturas
Definha no seu peito,
É hora de dizer adeus.
Quando a noite não traz
Na fria face de breu
A recôndita ausência
Dos males do mundo.
É hora de dizer adeus.
Quando ele vê brotar
No coração afeito à luta
Uma dor maior que o suportável
E vê rolar na face
A lágrima de ferro,
É hora de dizer adeus...
Quando até mesmo o céu
Lhe nega o refrigério
Que, malogrado, desistiu
De procurar na terra,
É hora de dizer adeus...
Mas não! É cedo!
Inda nem desmaiou a luz do dia...
Mas quando até mesmo os corvos choram,
Querida, é hora de dizer adeus.