Desabafar Poético - XXII

O sofrimento é maior que minha esperança

Não deixaste tu intacta uma só lembrança

Para que a porta eu pudesse resguardar

Com as chaves na mão ainda a te esperar;

Cada som memorável já desconhecido pelo ouvido

Cada nota irreconhecível de um passado tingido...

Não haveria maneiras nem possibilidades de recomeço

Há apenas toda a triste história que já conheço!

Com asas cadentes e pôr-do-sol tardio

Todo aquele mesmo vento sombrio e frio

Das melancolias deixadas por tais amores

Que murcharam antes de virar canção...

Vago é o sofrimento da solidão!

Este fantasma persistente das solenidades

Que cortês beija-te a fronte em piedades

Pois mortos já estão teus ardentes fulgores!

O Silêncio torna-te leito e amigo,

Por deveras não dividir nada comigo

Nem as desalegrias que tu mesmo me cria,

Nem as verdades que mato em meus lábios...

Então as páginas se turvam e o tempo agora

Distorce todo o trágico fim de uma aurora

Que jamais pode nascer do fim da noite congelada.

(Como o fogo que incendeia a lúgubre alma torturada)

R Duccini
Enviado por R Duccini em 05/09/2008
Reeditado em 23/09/2008
Código do texto: T1162436