Noturno III.
A sombra rouba minha carne,
Deixando meu espírito.
Sangro irremediavelmente e o que resta
É calar a grinalda do grito,
E assim morrer...
Na paz sem fúria
Dum sussurro feroz.
Sinto não ter amado mais o sonho,
Desfrutando os prazeres
Que não me foram oportunizados.
Sinto ser poeta decadente
Sangrando a esponja da pele
Em poças de abismo.
Meu pecado é desejo noturno.
O chumbo me chora
Metal sem luz.
Nos mistérios do poeta
Porejam os cantos
Que sepultam acordes,
Em meu coração.