Noturno III.

A sombra rouba minha carne,

Deixando meu espírito.

Sangro irremediavelmente e o que resta

É calar a grinalda do grito,

E assim morrer...

Na paz sem fúria

Dum sussurro feroz.

Sinto não ter amado mais o sonho,

Desfrutando os prazeres

Que não me foram oportunizados.

Sinto ser poeta decadente

Sangrando a esponja da pele

Em poças de abismo.

Meu pecado é desejo noturno.

O chumbo me chora

Metal sem luz.

Nos mistérios do poeta

Porejam os cantos

Que sepultam acordes,

Em meu coração.

Luis Felipe Saratt
Enviado por Luis Felipe Saratt em 18/10/2008
Reeditado em 18/10/2008
Código do texto: T1235494