Na jornada da noite
A minha tristeza agora é silenciosa.
Nada de gritos, telefonemas durante a madrugada
para os amigos, nada de choro no travesseiro
no escuro da noite, as lágrimas agora correm pra dentro.
Elas deslizam enquanto sorrio em alguma festa,
quando olho pro teto do ônibus no engarrafamento.
A minha tristeza agora é calada.
Mora na insônia e no sono
de um lado ao outro deste corpo
e desta alma que só sabem ser tristes
mesmo quando a hora é de celebração.
Eu te amo, entre todas as horas
por todas as estradas de pedra
que tenho enfrentado com pés descalços
e olhos marejados.
Eu te amo, e como eu gostaria
que não fosse por tua causa
essa dor e essa agonia,
que fosse só meu este amor
que fosse só minha, a poesia.