Nunca brigue comigo

O tempo passou e estou aqui

Mas a imagem dos rostos colados

O carinho e o desejo contido na espera

No caminho traçado na transição dos gestos

O porto seguro que habitava minha alma

Evaporou o momento do entrelaçado destino

Nunca brigue comigo

A frase guardada no pardo guardanapo

A tinta apagada num papel sobre a mesa

O corpo deitado ao lado no retrato sem estrelas

A lua dizendo o nome aos meus ouvidos

No movimento da descoberta fez sentido

O amor recorda a presença dos espaços vazios

Mas o quente café resfria aos olhos do gosto

Saboreio o novo rumo sem destino certo

A nublada paisagem aguarda o frio passar

A neblina dá uma volta no amanhecer

A vida galanteia sem licença a pedir esperança.