Vulto

Solidão que costura meus olhos ansiosos

Num resto de desbotada lucidez

Desencontro de vida na cova dos corações imperfeitos

Remete à falha que tua indiferença aprisiona em meu peito

Vi o encanto pendurado do lado de fora

De braços estendidos e músculos secos

E não mais reconheço o vulto da flor que anestesiou os sentidos

Fitei as estrelas sem razão de existir e a porta fechou devagar atrás de mim

De outros andares desce o cheiro das paredes ainda úmidas

Corredores da alma inflamados...se fosse só a noção de doer seria suportável

Mas imagino uma caveira sem luz, calada pelo tempo num jardim mofado

Solidão...

Por pensar na vida a seguir é que se faz a incompreensão do fim

Porque tudo nesse momento único será em vão, até o pensamento

E algo que não sabemos fluir no infinito

Marco Túlio Schmitt Coutinho
Enviado por Marco Túlio Schmitt Coutinho em 16/04/2006
Código do texto: T140127