Vulto
Solidão que costura meus olhos ansiosos
Num resto de desbotada lucidez
Desencontro de vida na cova dos corações imperfeitos
Remete à falha que tua indiferença aprisiona em meu peito
Vi o encanto pendurado do lado de fora
De braços estendidos e músculos secos
E não mais reconheço o vulto da flor que anestesiou os sentidos
Fitei as estrelas sem razão de existir e a porta fechou devagar atrás de mim
De outros andares desce o cheiro das paredes ainda úmidas
Corredores da alma inflamados...se fosse só a noção de doer seria suportável
Mas imagino uma caveira sem luz, calada pelo tempo num jardim mofado
Solidão...
Por pensar na vida a seguir é que se faz a incompreensão do fim
Porque tudo nesse momento único será em vão, até o pensamento
E algo que não sabemos fluir no infinito