Ritual

E nos revolvemos

e nos reconstruímos

sob os açoites das perplexidades

do que é existir em corpo

no qual a alma confinada explode ...

e foi assim que, mais uma vez

me vi diante do enigma da morte

ao rever tua roupa

guardada há tanto tempo.

Então eu a lavei com carinho

e por um dia

enquanto secava e ocupava lugar

na paisagem que foi nossa,

eu te trouxe à vida de uma estranha forma.

Depois eu a recolhi com cuidado , vagarosa,

sentindo que revivias naqueles derradeiros e breves instantes.

E ao dobrá-las e deixar sobre a mesa eu ainda

adiava o inevitável momento em que, livres das tuas marcas,

do teu cheiro, lavadas pra sempre do teu derradeiro suor,

voltariam a ser simplesmente roupas.

E nos revolvemos

e nos reconstruímos

sob os açoites das perplexidades

do que é existir em corpo

no qual a alma confinada explode ...

Voa livre agora, voa...

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 13/02/2009
Reeditado em 22/05/2011
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