Neve

Quando a última folha soltar,

pode machucar, pode não machucar

Quando o branco limpo cobrir as ruas,

o corpo gelado despertará

e a vida comerá a morte.

Neve, sangue de prata.

Ele é o ódio das veias humanas.

Neve, sangue de gato.

As montanhas anunciaram o sol.

Pode queimar, pode não queimar.

Mas o pico da dura roxa virará água

e derramará o pranto na terra.

O fogo das armas que matam corações

deixarão só as folhas secas de outono.

Neve, sangue de gelo.

Ele é o ódio das veias humanas.

Neve, sangue de urtiga.

O grito da criança anunciará a dor.

Pode adiantar, pode não adiantar.

A reza do padre anunciará o pedido

dos perdões antes esquecidos.

Passo a passo e tiro a tiro

eu procuro ver o céu atrás das nuvens,

mas, o que cega meus olhos no momento

são os pingos da paz quebrada!

Neve, sangue de cristal.

Ele é o ódio das veias humanas,

o veneno nos cachos do anjo.

Neve, sangue de culpa.

Ele é o ódio das montanhas frias.

Neve, sangue de homem.

JHM
Enviado por JHM em 06/03/2009
Código do texto: T1472786