Em silencio

Em silencio absoluto

Verto lágrimas transparentes

Que desbravam calmas

O percurso tortuoso da alma

E os recônditos da mente.

Na mudez do meu pranto

Habito o mundo árido

Da minha lembrança.

Em cada pensamento pálido

Que na noite nua me alcança

Visito todos os dias

Amarelecidas páginas,

Velhas fotografias;

Revolvo a finita esperança

E a imagem fugidia

Cuja marca insistente

Persiste na lágrima indolente

Que na face principia

Uma cascata intermitente

De permanentes ausências.

Jorram límpidas transparências

No fluxo da minha poesia:

Dor quieta e indigente

Que em mim se silencia.

Shirley Carreira
Enviado por Shirley Carreira em 15/04/2009
Código do texto: T1541119
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