DESFIGURADA

Minha imagem no espelho reflete o que sou hoje:

uma mulher acorrentada

aos próprios devaneios,

às próprias desilusões.

Meu espelho se quebrou em mil pedaços,

quando me olho

não entendo,

não sou eu quem está refletida;

é o monstro que mora em mim

repartido,

ferido,

quebrado,

e em cada pequeno pedaço que reflete essa imagem

vejo meu eu

várias vezes,

se repetindo

sendo que não suporto vê-lo nem uma vez sequer.

Enquanto essa for minha imagem,

assim,

desfigurada,

não conseguirei ser o que realmente sou

nem mostrar o que tenho em mim.

Preciso resolver questões,

inúmeras,

maiores que meu próprio entendimento.

Questões que se movem aqui dentro,

se mexem o tempo todo

me fazendo crer que sou uma por fora

ao mesmo tempo que sou outra por dentro.

E essa que está por dentro está aprisionada

pela imagem desfigurada no espelho.

Vou tentar consertar cada pedaço,

quem sabe assim ela se libertará...

Diana Marques
Enviado por Diana Marques em 14/05/2006
Reeditado em 14/05/2006
Código do texto: T156007