DESFIGURADA
Minha imagem no espelho reflete o que sou hoje:
uma mulher acorrentada
aos próprios devaneios,
às próprias desilusões.
Meu espelho se quebrou em mil pedaços,
quando me olho
não entendo,
não sou eu quem está refletida;
é o monstro que mora em mim
repartido,
ferido,
quebrado,
e em cada pequeno pedaço que reflete essa imagem
vejo meu eu
várias vezes,
se repetindo
sendo que não suporto vê-lo nem uma vez sequer.
Enquanto essa for minha imagem,
assim,
desfigurada,
não conseguirei ser o que realmente sou
nem mostrar o que tenho em mim.
Preciso resolver questões,
inúmeras,
maiores que meu próprio entendimento.
Questões que se movem aqui dentro,
se mexem o tempo todo
me fazendo crer que sou uma por fora
ao mesmo tempo que sou outra por dentro.
E essa que está por dentro está aprisionada
pela imagem desfigurada no espelho.
Vou tentar consertar cada pedaço,
quem sabe assim ela se libertará...